sábado, 16 de maio de 2015

MÚSICAS QUE RECOMENDO: "Sonata para violino nº 3 em Ré Maior" (Op. 9), de Jean-Marie Leclair, interpretada por Henryk Szeryng

 

O “Velho”. Esse foi o epíteto com que se tornou célebre o violinista e compositor Jean-Marie Leclair, nascido em Lyon, no dia 10 de maio de 1697, e falecido em Paris, em 22 de outubro de 1764.

Apesar de considerado o “pai” da escola francesa de violino, a obra de Leclair não goza de ampla popularidade junto ao público (dentro da própria França ele é um ilustre desconhecido). Na realidade, é difícil supor que um compositor erudito e do período barroco venha a se tornar minimamente conhecido em tempos de mediocrização cultural acentuada pelo apego à música pop (em geral, de péssima qualidade). Só o extraordinário Johann Sebastian Bach conseguiu torna-se um artista de obra bem difundida. E mesmo assim com muitas ressalvas, já que poucos ouvintes vão além de “Jesus, Alegria dos Homens” – que, por sinal, é apenas um dos andamentos da cantata Herz und Mund und Tat und Leben (BWV 147).

Esclarecido esse contexto, é com grande alacridade que me ponho a recomendar aos leitores do blogue Metamorfose do Mal, apreciadores da cultura erudita, a obra de Jean-Marie Leclair. Não somente pelo fato de que seu conhecimento é fundamental para entender, de modo aprofundado, o barroco europeu (sem dúvida, o período da história universal da música que é o meu favorito), mas também por reunir pérolas de beleza que engrandeceram enormemente o repertório deste instrumento apaixonante - o violino.

A obra de Leclair basicamente está escorada na composição de sonatas (Op. 1 a 15). Dedicadas ao violino, nota-se a exploração das escalas dentro do espectro da harmonia barroca quase sempre em tonalidades maiores. Uma delas é a “Sonata para violino nº 3 em Ré Maior” (Op. 9), cuja gravação que escolhi é executada por um dos grandes violinistas do século XX, o polonês Henryk Szeryng (1918-1988).  

Na execução da peça, nota-se a característica da sonata, enquanto forma de composição musical na era barroca, isto é, a escrita na partitura voltada propositalmente a destacar o solista de instrumento de cordas. Na gravação feita por Szeryng, o acompanhamento é feito pelo pianista egípcio Tasso Janopoulo.

O leitor interessado na biografia de Jean-Marie Leclair descobrirá que o francês teve um fim trágico: ele foi esfaqueado até a morte. A identidade do assassino permanece controversa até hoje. Mas não há controvérsia quanto à qualidade da obra deixada pelo Velho, que o tempo já cuidou de sedimentar como proveniente da mente de um dos mais talentosos compositores de toda a história da França.
 

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